Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil

Revista: “Cadernos de Educação de Infância”

Autor da revista: Associação de Profissionais de Educação de Infância

Artigo: “ Brinquedos e brincadeiras na educação infantil do Brasil”

Autor do artigo: Tizuko Morchida Kishimoto, professora titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

Palavras-chave: Brincar, Criança, Educador, Sensorial, Educação Infantil

Resumo:

    A criança desde de pequena que toma as suas próprias decisões, decide o que fazer, interage com os outros e expressa sentimos e emoções através de gestos, de um olhar ou de palavras.

    Dentro das ações preferidas das crianças está o brincar. Este é livre e espontâneo e ocorre em qualquer espaço e momento, proporcionando prazer à criança sem exigir algo especifico e permitindo ao mesmo tempo que esta desenvolva diversas capacidades.

    O brincar surge desde o nascimento da criança e deve ser incentivado na educação de infância, desde a valência creche. É essencial que os educadores proporcionem às crianças momentos de brincadeira, em que estas explorem e manipulem diversos materiais e interajam com os seus pares.

    A brincadeira faz parte do dia-a-dia da criança, sendo muito importante, visto que possibilita a tomada de decisões, a expressão de sentimentos e valores, conhecimento sobre si próprio, sobre os outros e sobre o mundo que a rodeia, repetição de ações prazerosas, interagir e brincar com os seus pares e expressar igualmente a sua individualidade e identidade como pessoa.

    A brincadeira é uma ferramenta importante para a criança aprender, se expressar e se desenvolver a diversos níveis. Há quem pense que pelo fato de a brincadeira ser livre e espontânea, não necessita de ser orientada pelo educador, o que está errado. Apesar desta ser livre, é fundamental que o educador tenha uma participação ativa no que toca aos momentos de brincadeira das crianças, no sentido de lhe proporcionar brinquedos adequados à sua idade, novas brincadeiras, uma maior interação com os outros e momentos lúdicos e de prazer, desenvolvendo assim a criança a diversos níveis, ao mesmo tempo que esta se diverte.

    A escolha dos próprios brinquedos é também importante. Os brinquedos devem ser adequados à idade da criança, atrativos, lúdicos e proporcionar diversas oportunidades de brincadeiras.

    Muitas vezes as crianças usam o seu próprio corpo, através de movimentos, sentidos e linguagem para criar as suas próprias brincadeira e explorar os mais variados brinquedos. Nesta idade as crianças são muito sensoriais, pelo que levam várias vezes os brinquedos à boca para poderem sentir qual a sua textura, forma, tamanho e espessura.

    Os brinquedos coloridos, sonoros, de diferentes texturas, formas e cheiros proporcionam à criança experiências a nível de som, textura, cheiro e forma. Os objetos domésticos são igualmente importantes para estimular as experiências sensoriais da criança.

    Quando são bebés o seu primeiro brinquedo é o adulto pois, é este que conversa e interage com este, fazendo-o ver e descobrir o mundo que o rodeia. Entre as muitas brincadeiras feitas entre o adulto e o bebé, temos o esconde e encontra, que muitas vezes é feito com uma fralda, em que a criança é tapada com a fralda e depois o adulto diz “cucu” ao retirar a fralda.

    À medida que as crianças vão crescendo começam a explorar outras brincadeiras e objetos, utilizando sempre o seu corpo e as mãos para explorar e manipular os brinquedos.

    É através das brincadeiras que as crianças desenvolvem a sua motricidade, seja fina ou grossa. Brinquedos como os jogos de encaixe ajudam a desenvolver a motricidade fina, fazendo com a criança aprenda a segurar nos objetos e a manipula-los. Os triciclos sem pedal ou carros de empurrar ajudam a criança a desenvolver a sua motricidade grossa, fazendo com que a criança comece a andar através de movimentos amplos.

    São imensas as experiências expressivas, corporais e sensoriais que as crianças adquirem através do brincar.

    A criança não utiliza apenas a linguagem verbal para comunicar. Esta pode comunicar através do gesto, da palavra, do desenho, da pintura, das construções tridimensionais, da imitação e da música. Ao brincar a criança relaciona os nomes dos objetos e situações do seu dia-a-dia e a partir da imitação esta desenvolve a linguagem.

    As primeiras imitações feitas pelas crianças, surgem a partir de situações do seu dia-a-dia e ações que estas observaram. É muito frequente vermos crianças pequenas a dar de comer a um nenuco ou fazer de conta que fazem o almoço pois, é algo que observam diariamente no seu seio familiar.

    A linguagem verbal surge e desenvolve-se no jogo simbólico, na interação entre as crianças e na participação ativa da educadora nas brincadeiras das crianças.

    O poder de expressão do brincar ajuda a criança a compreender como cria determinadas situações ao explorar os objetos e faz com que esta conhece o mundo que rodeia através das suas ações e sentidos.

    As práticas pedagógicas devem permitir a expressão lúdica durante as narrativas e a interação com a linguagem oral, escrita e visual, de modo a que a criança possa tirar proveito da cultura que dispõe e adquirir novas experiências e conhecimentos, a partir de textos diferentes.

    A entrada no mundo da matemática surge, quando o educador/professor direciona a criança para brincadeiras que a ajudam a compreender noção de tamanho e/ou de quantidade.

    Jogos como dominó, quebra-cabeça, memória ou bingo ajudam a criança a relacionar as ferramentas de trabalho às profissões e os animais domésticos e selvagens. Blocos lógicos são utilizados para classificar cores, formas e volumes, mas também pode ser utilizados para empilhar, juntá-los e criar formas de animais e objetos e ou então ser instrumentos do jogo simbólico, transformando-se em outro objeto qualquer como um carro.

Reflexão sobre o artigo:

    Nós achamos este artigo relevante, pois aborda um tema bastante importante e presente no dia-a-dia da criança e do educador. O brincar é uma atividade essencial na vida da criança e tornar-se, por isso, fundamental perceber qual a sua influência no desenvolvimento e aprendizagem da criança e de que forma podemos intervir de modo a estimular e impulsionar ao máximo o seu desenvolvimento, sempre de uma forma lúdica e prazerosa.

    Nós escolhemos este artigo em concreto, pois aborda diversos aspetos fulcrais, no que diz respeito à criança e sua relação com a brincadeira. Para além disso, dá-nos uma visão mais completa sobre o modo como as brincadeiras podem ser um meio de aprendizagem e expressão para as crianças.

    Com a leitura deste artigo conseguimos perceber que o brincar é essencial para a criança desde que ela nasce, pois para além de proporcionar momentos de prazer, ajuda-a desenvolver-se a nível cognitivo, motor e social. Através das brincadeiras, a criança aprende a ser e a estar, bem como algumas regras importantes da sociedade.

    Apesar de a brincadeira ser livre, esta deve ser sempre orientada pelo educador, de modo a torná-la mais lúdica e didática possível, proporcionando assim, o máximo de experiências e sensações, tendo em vista o desenvolvimento da criança.

    Através do brincar podem-se explorar diversas áreas, entre elas a expressão dramática, a leitura, matemática, expressão plástica e conhecimento de si próprio e do mundo que o rodeia.

    Em resumo a brincadeira é um instrumento que permite à criança se expressar, aprender e desenvolver, sendo fulcral a intervenção e interação do educador em todos os momentos.